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Entrevista a Bruno Pacheco – Diretor Regional da Ciência e Tecnologia

Fibrenamics Azores

Nesta edição da newsletter, entrevistámos Bruno Pacheco, Diretor Regional da Ciência e Tecnologia, de forma a saber quais as competências da DRCT – Direção Regional da Ciência e Tecnologia e as medidas que estão a ser levadas a cabo no Arquipélago dos Açores no âmbito da inovação científica e tecnológica.

1 — Quais são as competências da DRCT e quais são as suas linhas de atuação?

A Direção Regional da Ciência e Tecnologia tem como missão propor as bases, as medidas e as linhas de financiamento em que deve assentar a política regional nos domínios da ciência, investigação, inovação e difusão da cultura científica e tecnológica, coordenando e desenvolvendo as ações conducentes à sua concretização, enquanto instrumentos da promoção da sociedade do conhecimento em toda a Região.

Entre as várias competências – além das específicas de apoio à Investigação (projetos/infraestruturas e unidades de I&D/reuniões científicas/publicações científicas), divulgação científica e formação de recursos qualificados – destaca-se, também, a promoção e o apoio à modernização do setor público e privado, à inovação tecnológica e à transferência de tecnologias para o tecido económico e social, em articulação com os órgãos e serviços da administração regional competentes na matéria.

2 — A inovação é chave do sucesso de qualquer entidade, empresa e região. Que medidas estão a ser levadas a cabo neste âmbito no Arquipélago dos Açores?

As iniciativas no domínio da I&DI agrupam, além dos centros de investigação, todo o tecido empresarial que se constitui como parceiro fundamental no que à transferência e uso do conhecimento diz respeito. Relativamente a este setor (ID&I em contexto empresarial), não tendo sido ainda atingida a dimensão e o alcance desejáveis, tem sido objetivo prioritário das políticas regionais, em linha com os objetivos previstos no PO Açores 2020, o lançamento de programas para este grupo de destinatários, designadamente, através da promoção de projetos de investigação em contexto empresarial, e em parceria com o sistema científico e tecnológico regional (SCTA) e através da criação de infraestruturas tecnológicas que potenciem a cooperação entre essas instituições (designadamente com a construção dos parques de Ciência e tecnologia de S. Miguel e da Terceira).

O objetivo é fomentar as iniciativas de ID&I em contexto empresarial, através do apoio ao desenvolvimento da inovação, da cooperação e da criação de sinergias entre as empresas e as restantes entidades do SCTA, ao aumento da intensidade e do investimento em atividades de ID&I nas empresas e respetiva valorização económica. Por outro lado, pretende-se estimular a incorporação de novos conhecimentos e capacidades que permitam o desenvolvimento de processos, serviços ou sistemas inovadores, ou de novos produtos, ou, ainda, a melhoria dos existentes, através do apoio a projetos que envolvam atividades de investigação aplicada e/ou de desenvolvimento experimental.

Com os apoios a prestar neste domínio pretende-se dinamizar a investigação em consórcio promovida e desenvolvida por empresas e instituições científicas e lançar as bases para a generalização e intensificação das relações de índole científica e técnica entre as diferentes instituições de ID&I. O desenvolvimento local de aplicações inovadoras apela a medidas de apoio à transferência de tecnologias genéricas já existentes, em domínios de atividade essenciais à economia regional, identificados no processo de especialização inteligente, e nos quais a Região revela potencial e competências específicas.

Paralelamente, de forma complementar e integrada, numa estratégia política que se apresenta coerente e articulada, estão em pleno processo de implementação os Parques de Ciência e Tecnologia. São sobejamente conhecidos os objetivos destas infraestruturas que concentram diversos serviços, espaços e atividades que visam estimular sinergias e aproximar os centros de conhecimento (universidades, centros de investigação e escolas) do setor produtivo (empresas em geral), por forma a facilitar o desenvolvimento de inovações técnicas, novos processos ou ideias, tornando as empresas e a economia mais competitivas. A interação entre as empresas e as universidades e a troca de experiências entre as próprias empresas têm vindo a ser consideradas decisivas no desenvolvimento económico de uma região, em virtude de criarem as condições para o aparecimento de incubadoras e empregos qualificados em empresas sustentáveis e de base tecnológica, capazes de oferecer produtos e serviços de valor acrescentado no mercado global.

Os Parques de Ciência e Tecnologia das ilhas de S. Miguel e Terceira pretendem assumir um carácter estruturante em áreas emergentes no domínio das tecnologias ligadas às ciências da terra, do espaço e do mar e, também, nas áreas das ciências agrárias, agropecuária, agroindústria e biotecnologia. Constituem os primeiros grandes polos de competitividade e inovação da Região criados com base em estruturas nucleares de investigação ligadas quer à prestação de serviços públicos, quer à dinamização do sector privado.

3 — Que a importância atribui a entidades como a Fibrenamics Azores na promoção, sensibilização e constituição de parcerias entre as entidades do Sistema Científico e Tecnológico dos Açores (SCTA) e o tecido empresarial?

O empenho e a dinâmica dos vários atores que trabalham no domínio da investigação e inovação são essenciais para o sucesso das políticas públicas e dos seus objetivos, coadjuvando o poder político na promoção, envolvência e cooperação entre os vários stakeholders, designadamente entre empresas, centros de investigação e sociedade em geral. A Fibrenamics Azores tem-se destacado, pela sua dinâmica e entusiasmo, na promoção do diálogo e na aproximação entre o SCTA e o tecido empresarial com vista à constituição de parcerias de ID&I. Estas parcerias revelam-se essenciais ao desenvolvimento económico e social regionais, porque fomentam a inovação, o empreendedorismo, o emprego e a competitividade.

4 — A Fibrenamics Azores está já instalada no Nonagon – Parque de Ciência e Tecnologia de S. Miguel há cerca de 1 ano. Que impacto criou na região?

A Fibrenamics Azores tem desenvolvido um conjunto de workshops sobre inovação, transferência de conhecimento e empreendedorismo, nos quais tem participado a academia, investigadores e alunos do Ensino superior, do secundário, de escolas profissionais e empresários, contribuindo para a formação ao nível de uma cultura de inovação e, pela experiência própria, destacando as mais valias da cooperação científica entre os centros de investigação e as empresas.

5 — “Inovar nos Açores – do conhecimento ao mercado” foi o mais recente evento de transferência de conhecimento e tecnologia organizado pela Fibrenamics Azores no Nonagon. Que balanço faz deste evento, que reuniu entidades governamentais e do sistema científico e tecnológico e empresas num momento de partilha de ideias e oportunidades?

O evento foi muito positivo e interessante exatamente porque permitiu colocar em diálogo os vários stakeholders, os desafios que se apresentam, as oportunidades, as ideias e os sistemas públicos de incentivos existentes.