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Smart Composites

Projetos com Fibra

Na edição anterior foram dadas as conhecer as linhas gerais deste projeto cujo objetivo consiste no desenvolvimento de compósitos inteligentes, bem como de duas das tecnologias que estão a ser criadas neste âmbito: a sensorização e a mudança de cor.

Nesta edição pretende-se demonstrar que outras duas tecnologias estão a ser trabalhadas também no âmbito deste projeto, ao mesmo tempo que serão abordadas as potencialidades que estes compósitos inteligentes podem vir a ter no mercado.

O aquecimento

Para além da sensorização e da mudança de cor, a geração de aquecimento é outra das tecnologias que está a ser desenvolvida. Pretende-se dotar os materiais compósitos de aquecimento para um determinado fim que possa existir, de forma a promover conforto térmico, ou porque simplesmente é necessário que determinada peça seja aquecida.

A monitorização

A quarta tecnologia que está a ser trabalhada no âmbito dos materiais inteligentes está relacionada com a capacidade de monitorização e é sem dúvida, segundo Fernando Cunha, investigador da Fibrenamics, “um ponto importantíssimo que nós temos vindo já a explorar na área da construção”, em que é aplicada uma tecnologia ao próprio material que se utiliza como reforço (neste caso específico são materiais condutores, como é exemplo o carbono), e este material tem propriedades que permitem identificar o estado de deformação do material. Em termos práticos, Fernando Cunha explica: “eu tenho um compósito que é uma placa e, se eu fletir essa placa, eu sei exatamente qual é o nível de flexão que o material está a sofrer apenas através da monitorização do material”. Neste âmbito pretende-se, com este projeto, explorar uma propriedade interessante que é a piezorresistividade do material, ou seja, quando uma determinada corrente elétrica passa num material, ele, pelo facto de ser piezorresistivo, consegue dar a informação de que esta resistividade irá mudar em função da sua deformação. Esta característica intrínseca do próprio material permite, desta forma, estabelecer uma correlação com o estado de deformação. “Eu sei exatamente, se ele me dá a resistividade elétrica, que aquele ponto de flexão é um determinado valor que está pré-calibrado pela curva de calibração”, assegura Fernando Cunha.

4 tecnologias que podem ser combinadas ou viver separadamente

A sensorização, a mudança de cor, o aquecimento e a monitorização são quatro tecnologias que vivem separadamente ou que podem ser combinadas entre elas como acontece, por exemplo, se se quiser utilizar um pigmento termocromático e acelerar ou controlar o seu processo de mudança de cor. “Podemos acrescentar a tecnologia de aquecimento a esse material compósito e assim, de uma forma direta, estamos a controlar o processo de mudança de cor”, sustenta o investigador da Fibrenamics. Outro excelente exemplo pode ocorrer quando, num ambiente em que a temperatura está sempre a 23 ou a 24 graus, a combinação destas duas tecnologias poderá ser um veículo para se poder atingir uma determinada função ou requisito que se pretende ter com a mudança de cor num determinado espetáculo ou numa determinada hora do dia, em que as peças de mobiliário mudam de cor simplesmente por uma questão de design ou funcionalidade, ou de criação de um ambiente diferente.

Para que as tecnologias desenvolvidas sejam validadas, existe um parceiro da Fibrenamics na área dos compósitos que está a ser integrado neste momento, a Fibrauto. Esta é uma empresa de referência nesta área dos compósitos, principalmente termoendurecíveis e também na questão dos termoplásticos.

“Um projeto que coloca a Fibrenamics noutro patamar”

Este é um projeto que coloca a Fibrenamics noutro patamar no que concerne ao desenvolvimento de materiais compósitos. A nível interno está a permitir à Fibrenamics evoluir muito a nível tecnológico, porque, tal como Fernando Cunha conta, “a questão dos materiais compósitos viveu muito daquilo que eram os materiais leves, os materiais com reforços especiais, na inclusão de fibras naturais”, e foi necessário dar o salto através da introdução de tecnologia nos materiais compósitos e, a esse nível, a Fibrenamics irá dotar os seus recursos de capacidades que nos permitam integrar várias áreas, principalmente do conhecimento, numa área que era até então tradicional, como é a indústria dos materiais compósitos.

A nível externo, a Fibrenamics vai ficar com um portfólio de competências nesta área que irá permitir satisfazer as necessidades dos seus parceiros, uma vez que serão eles o motor de aplicação destas tecnologias. “Nós temos estas tecnologias, sabemos trabalhar com elas, sabemos adaptá-las, e estas tecnologias servirão para satisfazer uma necessidade muito específica dos nossos parceiros, como acontece sempre no processo de inovação: o nosso cliente chega cá e diz-nos que tem uma necessidade específica e nós temos de encontrar ou desenvolver soluções tecnológicas que nos permitam ir ao encontro das expectativas do desenvolvimento dos produtos inovadores que eles pretendem”, assegura Fernando Cunha.

Para transferir tecnologia é necessário, primeiramente, conhecê-la e testá-la. E este é um projeto que visa precisamente isso. No fundo, primeiro, desenvolver a tecnologia de base para, depois, transferi-la para o mercado. “Mais importante do que desenvolver as tecnologias é aplicá-las e que elas sejam úteis junto dos nossos parceiros e com isso permitam criar produtos inovadores, produtos que possam satisfazer a necessidade do mercado e que o mercado sinta a falta destes produtos com estas características em especial”, conclui o investigador da Fibrenamics.