A Fibrenamics está já há um ano no Arquipélago dos Açores e ao longo dele foram já realizadas algumas iniciativas, ao mesmo tempo que foram colocados projetos em marcha. Nesta edição damos a conhecer um pouco do trabalho que está a ser desenvolvido nos Açores, com especial destaque para os projetos que vão entrar em vigor a partir de junho deste ano.
A Fibrenamics está a desenvolver três linhas de trabalho nos Açores: uma que está vocacionada para os projetos âncora do centro de investigação, outra que está relacionada com a divulgação de ciência, e uma terceira focada para a transferência de conhecimento.
No que respeita aos projetos âncora, existem três grandes áreas, uma que consiste em criar competências em determinadas áreas como a produção ou valorização de resíduos florestais em materiais compósitos, outra relacionada com a extração de resíduos florestais, e uma terceira, de envergadura maior, que tem a ver com o desenvolvimento de fibras de basalto a partir de rocha vulcânica dos Açores.
“Isto está dentro do centro de investigação e do que será o seu core base e faz parte dos projetos de investigação interna do centro. Não quer dizer que com isto não sejam formados consórcios dentro deste centro, poderá acontecer e deverá acontecer isso”, refere Fernando Cunha, investigador da Fibrenamics.
Numa segunda vertente, relacionada com a divulgação de ciência dentro da ilha, têm decorrido bastantes atividades de transferência de conhecimento a partir de workshops, formações, websites e através da presença em escolas, no sentido de se criar uma cultura de inovação e de potencialização dos materiais fibrosos na própria região.
A terceira área de atuação da Fibrenamics Azores segue a linha de desenvolvimento adotada no continente, isto é, aposta na transferência de conhecimento através de projetos de inovação. Nesta ótica, pretende-se desenvolver produtos inovadores com as empresas tendo em conta uma necessidade muito específica que existe no seio delas. Para este efeito, “nós vamos avançar já com três projetos de investigação e desenvolvimento tecnológico”, assegura o investigador da Fibrenamics:
- O primeiro consiste na valorização de resíduos provenientes da extração de pedra de basalto de forma a criar-se uma pedra sintética para a utilização em mobiliário urbano. Este projeto resulta de um consórcio entre a empresa Fácil, que comercializa este tipo de soluções, e a empresa Albano Vieira, que faz a exploração de pedra de basalto. Nesta ótica, cria-se, assim, um consórcio bastante interessante sob o ponto de vista de quem dá os requisitos de aplicação, de quem vai colocar o produto no mercado e de quem o produz. Consegue-se, desta forma, satisfazer as necessidades do mercado, sendo que a Fibrenamics irá entrar neste projeto como parceiro tecnológico “que vai unir todos estes parceiros e dar o apor técnico e científico que eles não têm para desenvolver”, garante ainda Fernando Cunha.
- O segundo projeto está também relacionado com a valorização de resíduos, mas desta vez da madeira que é utilizada nas carpintarias. Neste caso em particular a Fibrenamics irá trabalhar com um dos maiores grupos económicos da região, que é o grupo Marques, que tem várias linhas de trabalho, uma delas relacionada com a carpintaria e desenvolvimento de produtos a partir da madeira. Neste processo de desenvolvimento de produtos a partir da madeira existem bastantes desperdícios que, muitas vezes, não são utilizados de uma forma tão nobre como deveriam ser. Tendo isso em consideração, Fernando Cunha defende que “o nosso objetivo é pegar nestes resíduos que têm a sua origem na produção e no desenvolvimento de artigos de madeira, como portas e mobiliário, e, a partir daí, juntarmos polímeros e criarmos uma nova linha de compósitos reforçados com fibras de madeira para utilização seja no próprio mobiliário que eles atualmente já fazem, seja na criação de novas peças de base”. Aqui o conhecimento está patente na combinação dos resíduos com materiais poliméricos, aumentando assim a sua durabilidade.
- Por fim, o último projeto a ser colocado em ação pretende aproveitar um produto muito regional e característico dos Açores: o ananás. Durante a produção do ananás existe também um grande desperdício das folhas da planta. Neste contexto, o objetivo da Fibrenamics consiste em, a partir destas plantas, extrair fibras e utilizá-las como reforço em materiais compósitos para alimentar outras áreas de mercado. “No fundo, a partir da folha do ananás extrairmos fibras, produzirmos e desenvolvermos fibras interessantes sob o ponto de vista de as introduzirmos como reforço em materiais poliméricos” conclui Fernando Cunha. Para o desenvolvimento deste projeto, a Fibrenamics irá contar com um parceiro empresarial, a Boa Fruta.
Estes projetos têm um arranque previsto para dia 1 de junho, estando agora a ser submetidos ao programa Açores 2020.