As Fibras na Performance Desportiva
Fibra de Ananás
Fibrenamics Azores
O Ananas comosus, comumente conhecido como ananás ou abacaxi, é uma planta monocotiledónea da família das Bromeliáceas da subfamília Bromelioideae, encontrada em regiões subtropicais e tropicais. É uma espécie com elevado valor económico, devido à comercialização do seu fruto com o mesmo nome, e cultivo em diversos países como o Brasil, a Tailândia, as Filipinas, a Costa Rica, a China, a Índia e a Indonésia.
Um produto tradicional com reconhecimento internacional
Nos Açores, o ananás foi introduzido no seculo XIX, inicialmente como planta ornamental e cultivado para consumo doméstico. Por necessidade de um novo produto para exportação, foram iniciados os primeiros cultivos para fins de exportação. Estes cultivos obtiveram grandes resultados, tendo-se o Ananás dos Açores tornado um produto tradicional conhecido e reconhecido internacionalmente.
O tempo de produção do ananás é de cerca de 2 anos, da plantação até à colheita do fruto, sendo por isso uma plantação mais dispendiosa do que outras plantações mais comuns. Após a colheita, uma grande quantidade de resíduos orgânicos é produzida, sendo estas representadas por rizomas e folhas da planta. Estes resíduos podem e devem ser reaproveitados, de modo a conferir-lhes um novo valor no mercado, como é o caso da fibra da folha do ananás.
A fibras de ananás e as suas aplicações
As fibras da folha do ananás ou PALF (PineApple Leaf Fiber) são exemplos de materiais que se podem extrair das folhas do ananás. São consideradas fibras lignocelulósicas, sendo constituídas quimicamente por celulose (40-60%), hemicelulose (20-40%), lignina (10-25%) e outros compostos em menor quantidade, como é o caso das pectinas, solúveis em água. Esta composição, principalmente devido à celulose, lignina e hemicelulose, é responsável pelas propriedades físicas destas fibras.
A fibra de ananás é normalmente extraída por maceração com água e NaOH (hidróxido de sódio). Da biomassa foliar de cada folha extrai-se apenas 2,5-3,5% de fibra que contém uma cobertura hidrofóbica. A fibra apresenta características têxteis e é capaz de se misturar com juta, algodão, rami e com outras fibras sintéticas. Apesar das suas propriedades é necessário ter em consideração a capacidade de abastecimento em quantidades suficientes para aplicações de grandes quantidades comerciais.
Dadas as suas propriedades, estas fibras abriram alas a novas aplicações além das tradicionais nas áreas de vestuário e artesanato, passando então por aplicações em materiais compósitos, obtendo-se, desta forma, produtos de baixa densidade, baixo coeficiente de expansão térmica, resistentes à fadiga e corrosão, excelentes propriedades de resistência e propriedades de isolamento sonoro. Além disto, do ponto de vista ambiental são importantes devido a serem biodegradáveis e terem um processo de produção que recorre a pouca energia.
As fibras obtidas das folhas de ananás apresentam um grande potencial para serem usadas como reforço mecânico devido ao alto teor de celulose cristalina, sendo que, as suas propriedades mecânicas superam em grande parte outras fibras de origem vegetal. As fibras vegetais mostram propriedades relevantes como é o caso do módulo de elasticidade (um estudo mostra um módulo de elasticidade com valores entre os 37 e 86 GPa) por vezes semelhante ou superior em comparação com as fibras de vidro ou aramida. As fibras de ananás, além do alto nível de celulose cristalina em comparação com outras fibras vegetais, apresentam também uma temperatura de oxidação superior (temperaturas entre os 240 e 272⁰C), permitindo que sejam processadas com muitos polímeros. Uma vez que apenas sofrem de degradação a temperaturas superiores às anteriormente apresentadas, adicionalmente as propriedades térmicas destas fibras mostram-se também importantes, o que faz com que a aplicação em compósitos seja uma mais-valia. Os compósitos constituídos com fibras de ananás poderão ser utilizados para a criação de equipamentos desportivos, malas de bagagem, interiores de automóveis e mobiliário.
As aplicações de fibras vegetais na construção civil têm-se intensificado de forma a substituir o uso de fibras minerais e sintéticas, com o objetivo de evitar a fissuração nas matrizes à base de cimento, provocadas pelos esforços de tração ou deformações por alongamento. Nos têxteis, os tecidos produzidos a partir da fibra de ananás são considerados tecidos finos, resistentes, luxuosos e apresentam um ligeiro brilho semelhante à seda. São, geralmente utilizados para a produção de vestuário, bolsas, cachecóis e estofamento de móveis. A utilização destas fibras no vestuário é uma prática comum em países como as Filipinas sendo considerado peças de vestuário luxuosas. Se a superfície da fibra do ananás for modificada ainda cria a possibilidade para a criação de cintos de segurança, armações de airbags e cabos de correias transportadoras.
Mensagem editorial
Raul Fangueiro – Coordenador da Plataforma Internacional Fibrenamics da Universidade do Minho
Artigo de Opinião
Maria Almeida – Mental & PNL Coach
Parceiros Fibrenamics
CIDESD – Centro de Investigação em Saúde, Desporto e Desenvolvimento Humano
Projetos com Fibra
Electrosocks
Fibrenamics Green
Fibrenamics Green na Semana Europeia da Prevenção de Resíduos
Vigilância Tecnológica
International Sports Convention – 7 e 8 de dezembro de 2016